Doenças transmissíveis pela comida matam 420 mil pessoas por ano no mundo, diz ONU

Doenças transmissíveis pela comida matam 420 mil pessoas por ano no mundo, diz ONU

Doenças transmissíveis por alimentos têm o mesmo impacto para a saúde pública que problemas como malária, tuberculose e AIDS, alerta uma especialista da ONU. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, pelo menos 600 milhões de pessoas no mundo caem doentes e 420 mil morrem após ingerirem comida contaminada.

“A maioria das pessoas passa muito pouco tempo pensando na inocuidade dos alimentos, a não ser que haja uma crise ou um escândalo de algum tipo. No entanto, com a exceção do ar que respiramos e da água que bebemos, não há nada com uma importância mais direta e rotineira para cada um de nós todos os dias”, afirma Renata Clarke, subcoordenadora regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O dia mundial lembrado nesta sexta-feira é fruto de uma parceria entre a agência e a OMS, com base em resolução da Assembleia Geral da ONU. Com a data, observada pela primeira vez em 2019, os organismos internacionais querem conscientizar todo o planeta sobre a inocuidade dos alimentos. A proposta é provocar reflexões sobre as responsabilidades individuais no manuseio da comida e também sobre o papel das empresas e instituições nacionais da cadeia alimentícia.

Renata lembra que os efeitos no curto prazo de doenças causadas por bactérias e vírus presentes nos alimentos podem ser devastadores. Mas essas infecções têm consequências de longo prazo, como doenças crônicas de rim, transtornos neurológicos, artrite reativa e síndrome do intestino irritável.

A contaminação da comida por substâncias químicas também gera preocupações graves, de acordo com a especialista. O componente aflatoxin – o mais potente agente cancerígeno conhecido – é um poluente comum em alimentos como milho e amendoim, quando os produtos são manuseados e armazenados de forma inadequada.

Renata explica que a OMS já estimou que o impacto das infecções transmissíveis por comida tem a mesma magnitude que a malária, tuberculose e AIDS.

A especialista ressaltou ainda outros riscos de saúde pública associados à contaminação alimentar, mas nem sempre conhecidos pelo público em geral.

“As mudanças climáticas estão tendo um impacto na ocorrência desses contaminantes químicos e microbiológicos, ao mesmo tempo em que outros contaminantes ambientais, como metais pesados (por exemplo, mercúrio e chumbo) e poluentes orgânicos persistentes, (vindos) da atividade industrial, também podem chegar à cadeia alimentícia, afetando negativamente a saúde dos consumidores”, aponta Renata.

No início deste ano, o Banco Mundial divulgou um relatório onde afirma que a comida contaminada custa mais de 100 bilhões de dólares por ano a países de renda baixa e média, devido a perdas de produtividade. O investimento inadequado na inocuidade dos alimentos é, portanto, não apenas um problema de saúde pública, mas uma importante questão econômica.

O que você pode fazer para evitar a contaminação
Em casa, hábitos inadequados podem ser responsáveis por uma ampla proporção de surtos de doenças transmissíveis por alimentos. Práticas comuns, mas que devem ser abandonadas, incluem: deixar alimentos cozidos fora da geladeira por mais de duas horas; usar a mesma tábua de cortar para preparar carnes e vegetais; e descongelar carne fora da geladeira, em vez fazer isso dentro do aparelho.

Segundo a ONU, é importante que os consumidores protejam a si mesmos e as suas famílias em casa e também por meio de escolhas seguras na hora de procurar vendedores de alimentos e restaurantes. Indivíduos devem optar por estabelecimentos e comerciantes que seguem boas práticas de higiene.

Realidade caribenha
No Caribe, a maioria dos suprimentos alimentícios é importada. Por causa disso, consumidores dependem amplamente de um sistema “invisível” de controle, operado por produtores e governos que precisam manter esses alimentos seguros.

A confiança pública pode ficar fragilizada se as autoridades competentes nacionais não se comunicam de forma consistente e eficaz sobre os programas implementados para combater infecções alimentícias. Quando ocorrem contaminações, todos perdem – consumidores sentem-se vulneráveis, autoridades nacionais perdem credibilidade e as empresas perdem dinheiro.

A FAO aponta para a necessidade de medidas de compartilhamento transparente de informação. Segundo a agência, também é preciso uma vigilância e monitoramento contínuos dos sistemas alimentares.

Karen Polson-Edwards, assessora de Determinantes Climáticos e Ambientais de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em Barbados e no leste do Caribe, explica que “o agente mais comum que causa surtos de doenças transmissíveis por comida no Caribe é o norovírus, que é altamente contagioso e pode afetar todos”.

“Os sintomas são diarreia, vômito e dor estomacal, que às vezes vêm acompanhados de outros sintomas, como febre e dores de cabeça”, completa a especialista.

Fonte: nacoesunidas.org

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