Obesidade, inflamação e concepção: quais correlações?

Obesidade, inflamação e concepção: quais correlações?

A obesidade é uma das doenças mais prevalentes no mundo, sendo responsável por diversas morbidades e redução da qualidade de vida. Além de ser um potente gatilho para o desenvolvimento de doenças, a obesidade também é correlacionada com problemas relacionados à concepção, principalmente pelos fatores inflamatórios que estão envolvidos no ganho de peso excessivo1, 2.

Como consequência, mediadores inflamatórios são responsáveis por alterações em oócitos de mulheres, modificando reações ovulatórias que são importantes para ovulação e saúde dos ovários. Em homens, a obesidade também pode prejudicar funções testiculares, reduzindo a capacidade dos espermatozoides3,4.

Desta forma, estudos têm mostrado que o cuidado com a alimentação no período que antecede a concepção deve ser priorizado. Para mostrar esta importância, um estudo realizado com mulheres obesas que apresentavam problemas de fertilidade indicou positiva correlação entre a condução de orientações nutricionais para a perda de peso no momento que antecedeu a concepção e aumento no número de gestações espontâneas no período do estudo5.

A perda de peso neste período também é importante para reduzir o risco de doenças que são prevalentes durante a gestação – como a diabetes gestacional. Em um estudo realizado com 1800 mulheres diagnosticadas como intolerantes à glicose observou-se que intervenções nutricionais voltadas para redução do risco de obesidade foram essenciais para a saúde da mulher durante a gestação, reduzindo o risco de diabetes gestacional. Dentre as condutas nutricionais, os pesquisadores priorizaram o aporte de micronutrientes – como vitaminas do complexo B e vitamina D – e melhora da saúde intestinal6.

Em outra análise, realizada com 5628 mulheres que estavam em tratamento para fertilidade, notou-se que as que consumiam mais fastfoods e menos frutas, apresentavam mais dificuldade para a concepção acontecer. De forma complementar, mulheres que reduziram o consumo de fastfoods – de 4 para 2 vezes por semana – tiveram redução do risco de infertilidade em 41%7.

Estas análises reforçam a necessidade do cuidado com a alimentação durante todas as fases da vida, inclusive durante o planejamento da gestação. Com a redução do risco de obesidade, certamente a gestação será mais saudável e a prevalência de doenças metabólicas será reduzida, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Referências Bibliográficas:

1-BEST, D.; BHATTACHARYA, S. Obesity and fertility. Horm Mol Biol Clin Investig; 24(1):5-10, 2015.
2-MALDRUM, D.R. Introduction: obesity and reproduction. Fertil Steril; 107(4):831-832, 2017.
3-SHREM, G.; BRUDNER, Y.; ATZMON, Y. et al. The influence of obesity, smoking, and serum folicular stimulating hormone in azoospermic patients on testicular sperm extraction-intra cytoplasmic sperm injection outcomes: a retrospective cohort study. Medicine; 98(4):e14048, 2019.
4-OERS, A.M.V.; MUTSAERTS, M.A.Q.; BURGGRAAFF, J.M. et al. Association between periconception weight loss and maternal and neonatal outcomes in obese infertile women. PLoS One; 13(3):e0192670, 2018.
5-EINARSSON, S.; BERGH, C.; FRIBERG, B. Weight reduction intervention for obese fertile women prior to IVF: a randomized controlled trial. Hum Reprod; 32(8):1621-1630, 2017.
6-GODFREY, K.M.; CUTFIELD, W.; CHAN, S.Y. et al. Nutritional intervention preconception and during pregnancy to maitain healthy glucose metabolismo and offspreng health (NiPPeR): study protocol for a randomised controlled trial. Trials; 18(1):131, 2017.
7-GRIEGER, J.A.; GRZESKOWIAK, L.E.; BIANCO-MIOTTO, T. et al. Pre-pregnancy fast food and fruit intake is associated with time to pregnancy. Hum Reprod; 33(6):1063-1070, 2018.

Publicado originalmente no site VPonline.com.br

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