Influência das mídias sociais no consumo alimentar de crianças

Influência das mídias sociais no consumo alimentar de crianças

A obesidade infantil é um problema de saúde pública de crescente prevalência mundial. Cerca de dois terços das crianças obesas se tornam adultos obesos – o que implica no aumento do risco de doenças crônicas na vida adulta. Neste cenário, esforços são voltados para a redução do risco e controle da obesidade em crianças, o que impacta diretamente no desenvolvimento e crescimento econômico do país. Um importante fator que contribui para a obesidade infantil é a exposição de crianças à publicidade de alimentos na televisão e outras mídias, o que tem sido mostrado influenciar as preferências e o consumo alimentar1,2.

Recentemente, estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Liverpool incluindo 176 crianças com idades entre 9 e 11 anos mostrou que assistir a famosos vloggers britânicos exibindo junk food aumentou o desejo por cookies e doces. O estudo, que dividiu aleatoriamente as crianças em grupos para assistir a vídeos que incluíam a exibição de snacks não saudáveis (n=58), de snacks saudáveis (n=59) e de produtos não alimentícios (n=59), apontou que as crianças que assistiram aos vídeos com exibição de snacks não saudáveis apresentaram aumento significante do consumo calórico (em média, 448,3 kcal a mais), com aumento também significante do consumo de snacks não saudáveis, em comparação às crianças que assistiram a vídeos exibindo produtos não alimentícios. De forma contrária, as crianças que assistiram a vídeos que incluíram a exibição de alimentos saudáveis não apresentaram alteração significativa no consumo alimentar.

Os autores do estudo discutem que esses resultados podem ser decorrentes de uma “preferência inata” de crianças por doces açucarados e alimentos gordurosos. Ao contrário dos adultos, as crianças são menos motivadas a resistir ao marketing de alimentos, já que não são movidas por metas de saúde de longo prazo. Embora o aumento da promoção de alimentos saudáveis não tenha sido uma estratégia eficaz para incentivar comportamentos alimentares saudáveis em crianças, são necessárias mais pesquisas para aprofundar os conhecimentos do marketing digital de alimentos e quais fatores estão relacionados ao aumento do desejo por junk foods.

Referências bibliográficas:

TAN, L.; NG, S.H.; OMAR, A. et al. What’s on YouTube? A Case Study on Food and Beverage Advertising in Videos Targeted at Children on Social Media. Child Obes; 14(5): 280-290, 2018.
NG, M.; FLEMING, T.; ROBINSON, M. et al. Global, regional, and national prevalence of overweight and obesity in children and adults during 1980–2013: A systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet; 384: 766-781, 2014.
COATES, A.E.; HARDMAN, C.A.; HALFORD, J.C.G. et al. Social Media Influencer Marketing and Children’s Food Intake: A Randomized Trial. Pediatrics; e20182554, 2019.

Publicado originalmente no site www.vponline.com.br

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