Microbiota intestinal e esteatose hepática
A esteatose hepática não alcoólica, popularmente conhecida como gordura no fígado, é considerada a doença crônica hepática mais comum em todo o mundo. Recentemente, estudos tem apontado que a interface entre alimentação e microbiota intestinal exerce um papel chave na etiologia da doença. Uma alimentação inadequada, caracterizada pelo baixo consumo de fibras e alto de gorduras saturadas (sobretudo dos ácidos láurico e palmítico), induz ao aumento da inflamação e da permeabilidade intestinal (por meio da ativação de mastócitos), possibilitando a translocação bacteriana e de subprodutos inflamatórios para a corrente sanguínea, como lipopolissacarídeos (LPS) e peptídeoglicanos. O aumento dos níveis circulantes destes, principalmente de LPS, estimula a ativação de células de Kupffer e do receptor TRL4 no fígado, e, como consequência, tem-se o aumento da secreção de citocinas pró-inflamatórias e aumento da síntese de lipídios no fígado, acompanhado da diminuição da oxidação hepática de lipídios. Em longo prazo, esse cenário leva à fibrose hepática, morte celular e aumento dos níveis circulantes de enzimas hepáticas1-3.
Portanto, estratégias nutricionais que contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal são importantes, favorecendo uma maior funcionalidade da microbiota e reduzindo a permeabilidade intestinal, a translocação bacteriana, a inflamação crônica e o risco e progressão da esteatose hepática não alcoólica.