CFN emite nota pública sobre ‘Desinformação Nutricional’
O Conselho Federal de Nutricionistas emitiu uma nota pública sobre os cuidados que devem ser tomados pela população brasileira na busca de informações relacionadas a saúde, alimentação e nutrição. Para o órgão, manifestações sensacionalistas e sem nenhum fundamento científico sobre o tema são um risco para a sociedade.
Leia a nota na íntegra:
DESINFORMAÇÃO NUTRICIONAL: UM ALERTA À POPULAÇÃO BRASILEIRA
O Conselho Federal de Nutricionistas, cumprindo a missão institucional de contribuir para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável e a Segurança Alimentar e Nutricional da população brasileira vem a público alertar a sociedade sobre cuidados referentes a informações relacionadas à saúde, alimentação e nutrição. Principalmente na internet!
Não é de agora que manifestações sensacionalistas e sem nenhum fundamento científico sobre o tema ocupam as redes sociais e blogs. São postagens, vídeos e matérias que promovem desinformação, a anticiência e evidenciam o que chamamos de terrorismo nutricional. E essa prática, quando acompanhada por uma imposição mercadológica sem balizamento ético, pode pôr em risco a saúde das pessoas.
O CFN, órgão com função delegada pela União para normatizar, orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício e as atividades da profissão de nutricionista em todo o território nacional, repudia tal prática e ratifica o alerta à população, destacando que Direito à alimentação é parte dos direitos fundamentais da humanidade, sendo a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) um importante ativo do tecido social e lastro condutor da soberania nacional, tendo como base as práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural, o meio ambiente e a cultura de cada lugar.
Desta forma, o compromisso para que tenhamos uma alimentação saudável deve ser sustentado por toda a sociedade em sua infinita pluralidade. Para tanto, é necessário acesso aos alimentos, às políticas públicas que facilitem escolhas mais saudáveis em todo o viver. Desde a habitação digna, passando pelo acesso equânime e universal à saúde e à educação.
Entendendo esta conjuntura, expor famílias e indivíduos ao constrangimento por seus padrões alimentares, “inferiorizando” alguns hábitos e alimentos, é um ato perverso e que denota um inconsequente desserviço à sociedade, potencializado por um momento tão delicado de crise sanitária pelo qual passamos.
E para além da crise sanitária com a pandemia de COVID-19, lembramos também que parte significativa da população não consegue garantir o mínimo para sobreviver, elevando ainda mais o estresse dos serviços públicos de saúde e de alimentação e nutrição que ainda resistem na assistência a boa parte da população em vulnerabilidade social no campo e na cidade.
Por isso, a propagação de informações dolosamente falsas sobre práticas e hábitos alimentares representa uma grave ameaça à saúde da população. Então, quando a vida, a ciência e a dignidade da pessoa humana são negligenciadas por qualquer motivo, isso configura-se como um ato de desonestidade que pode acarretar em sérias consequências.
Conselho Federal de Nutricionistas